21 de novembro de 2008

Texto

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Agora é tempo de poesiar tudo:
todos, a qualquer instante, podem.
Você também!
Vamos, vamos poesiar tudo:
colocar no papel cada coisa da vida que acontece agora.

Vai, coloque o amor,
as bombas, o tempo,
a tristeza, o som, as brigas.
Por que não o computador,
o trabalho, o casamento,
o bife, as contas?

Há! é sim, tudo vale,
tudo serve,
serve sim, é suficiente.
É, fica legal.

Legal, né?
Que coisa, agora todo mundo é poeta.
Que lindo!

Vai, fale do trema,
do herói que virou heroi.
Escreva com rimas ricas e raras,
ou, pelo menos, com métrica.
Disserte em versos sobre os diversos usos do hífen em “con-fusão”,
cite os velhos clássicos de ídolos,
mas não me venha com essa de poesia.
Não me venha com esses livrinhos e blogs de artista.

Vai, alguma coisa nova, por favor.

Mas não basta reclamar do que já foi feito.
Tem-se que criar, ralar pra criar, sofrer
e tirar o leite da pedra.
Não porque é duro, porém porque é impossível.
Falar do óbvio, de modo intangível, com letras inexpressáveis.
Não porque não faz sentido, porém porque é vivo.
Sinalizar o sagrado e o profano no mesmo ponto.
Sem dicotomia, porém com caótica pontualidade.

Só então poderá dizer:
“Talvez isso seja alguma coisa.”
.

É preciso voltar


"Sapo não pula por boniteza, mas porém, por precisão." Provérbio capiau

Vim, um dia.
Às vezes não sei quando dia,
mas um dia,
que outras é sabido.

Vim.

Abri,
pelado,
andei,
levantei caindo da torre,
suspirei,
escrevi,
transei, dormi e repeti.

Maluco doido,
sem nexo,
joguei.

Perdi.

Conservado em picles e gergelim,
hipernoitei.

... . ... ... . ... . . ...

... . . . ... . . ? ...

! Assustado,
acordei,
caindo sem chão,
solto.

Tum.

Abri,
muitas cores.
E um tango apasionado tocava ao fundo das cortinas mexendo com vento dramático atrás do relógio de
[parede.

Levantei.
Andei, corri, andei,
porque é labuta.
Passei pela janela.
E então estava lá,
de volta.
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