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5 de novembro de 2015

Eu sou Desejo

.
Bem vindo à minha morada. Onde tudo pega fogo, e cada toque – um dedo, um uivo, ou a trombeta dos cornos – perfura a pele além dos ossos, além da alma. Eu te penetro em fogo e fúria, derreto teus nervos de aço, escaldo, descaldo e derramo: lava em teus ouvidos.

Pelo interno das vísceras, escorro quente – como corrôo corpo de metal frio que cai em mim. Engulo pedra. Consumo tudo. Depois, resta só o pó de terra preta e fina. No fundo, no quintal, há uma fonte pedra, e dela jorra clara água.
.

Sintomal

.
Do começo ao fim.
Atravesso a pele.
Descubro:
No real te vi,
te amei.

Sentirei sua falta, outra
(mais uma)
mas ficar não posso.

Me nego,
Me em trevo,
Que Seja a Sorte!

Mais Uma!
.

23 de maio de 2014

(sem título)

.
Beba, beba.
Beba as lágrimas pra não dar ressaca.
.

21 de maio de 2014

Saudade do futuro

.
hoje fim
em mim
aquilo já era há tanto

Do que restou
– a memória,
a pele curtida,
os músculos apertados,
a retina embaçada –
me alimento
para me doer
em imaginar.
Sonhar
um futuro nunca passado.

E chorar e soluçar e engasgar de promessas, declarações e desejos abortados
(quando? quando foi que não nos demos conta? quando foi que tudo desabou sobre nós e continuamos a nos
[arrastar, soterrados por nossas próprias solidões?)


E então não dormir jamais.
E ver o sol raiar frio
e colorido só para me negar.
Para, por fim, te negar.
E afirmar você. E afirmar eu.
E enterrar em mim a saudade de ti (que nunca virá).
.

Proteção de mentira

.
Porque nos ensinaram que a verdade machuca.

Colhemos mentiras e construímos falsas casas.
Nos refugiamos no certo.
Erramos pelas ruas.
Pelos mesmos caminhos.
Cobrimos o rastro com um outro rastro.
E ontem e hoje, sem diferença,
descobrimos nada
e sentimos tampouco.

Porque nos ensinaram que a verdade machuca.
.

22 de abril de 2011

Fenomenologia da supernova em mim

.
Qual formiga andando sobre a pele dos bíceps
a memória faz me trazer uma leve tensão implosiva em meus adutores
Escrevo uma poesia pra expandir a noite passada
santa moura e alva
E de atropofágico como do jeito do meu camarada
como junto do meu
como junto do dela
de passada.
Que passada é essa de nova?
Passada afim de sim
Passada de ti pra te de tá pra tha pra mim
Pra mim tá
pra tá sim.
De nova em mim
Sim?
Não sei se sim passa
mas a passada do não fica mesmo passado.
Opa! peraí! no nome que é masculino coloco um A no fim.
E do A que não tenho em mim faço
Ah!,
suspiros todos meus

! Volto meus olhos pra baixo vendo minha cabeça volta pra cima.

De dela pra mim sim,
pra ele assim sim também
, que pra eu não diz gosto.
Vendo meu gosto
Sinto teus corpos
Desgênero noss
Que passada é essa de nova?
Nova de dois pra três.
Explosão atópica do atômico.

(Eu pra mim:
pra se destraír
passo atrás de pegadas
passadas
Mas passada nova também
E nova nova semana que vem)

Camarada, que você faz aqui?
Aquilo que agora queríamos todos
A explosão supernova
passada em mim de tha ti tá
de tha ti tá
de tá
está
em mim.

Evoé!
.

3 de novembro de 2010

Novo mê(s) passado

.
Dois.
Finados.
Um ano passou
e o morto ainda vivo.

Passam Independência e Boa Morte.
Fica álcool de cana de interior de Mirim.

Ainda achava que chovia aí,
mas era aqui que já chovia torto,
pegando mais de um lado que de outro
de novo, lembro.

Novembro velho choveu em mim.
Novembro novo choveu em mim.
Aí, seca, de interior de terra mau lavrada.

Aqui O que é que é que vem cá?
E quem Sou eu quem ando já lá?
Alto! ?
Baixo! pois, se ainda for me mato.
Mas mato-cana verde me pensa bem.
É esse formato quina.
Que me repete
e pede
fim.



(suspiro)
Três de novembro.
.

10 de junho de 2010

Ligeira

.
Lenta,
bem lenta,
a lugares impróprios
voando com o veneno de hágua
Flecha foi feriu minhas estrelas às noveembraços.

Se braços próprios,
curar pra que?
A perna que me falhe
Na cama uma graça
manca e torta
em graça mais minhas mãos
cirúrgicas te abrindo
os ossos
macias se esquentando em tu a
pelada.

Sobre mim
sabe.
virtual, um outro
Conhece físicorporal
sobre mim.
termina nunca,
termina nunca...
em tornando me suco.
Lenta,
bem lenta,
.

31 de maio de 2010

Livros abertos e corpo

.
Deem-me poemas de amor,
porque ontem dormi ecos de Kandinsky,
amanheci Neruda
e cedo pelas horas sangrei drummundo:
o sentimento pesado sobre os ombros.

Chorei raiva no braço
e as pernas tremeram o ódio
de amar uma tristeza.

Embolei o corpo num lençol esticado:
deem-me amor de poemas.
E então poema-você-nova me disse
quinta, Ana.
Um mar ionizado e elétrico veio como Hermes me dizer
durma cor você também.

E um dia mais sonequei a tarde toda
pra dormir os poetas e acordar a minha

Matilde viva em ti
ouviu meu peito
de tímpano negro e burana
explodir um amarelo trombeta
ascender quente napolitana
e deitar com a noite chilena.
.

6 de abril de 2010

Pé de fruta e Shiva

.
Me come em cima do pé
que é pra eu não deitar e lembrar de ti.

Me deixa soltar, cair e me espatifar pela terra
que é pra eu morrer e lembrar de mim.
.

4 de abril de 2010

Antidepressivo nº 1

.
Deixar o dia pra depois da aula.
Deixar o doce pra depois do arroz.
Deixar a sesta pra depois da louça.
Deixar o samba pra depois do labor.

Pausa para o pôr-do-sol.

Deixar a noite pra depois do dia.
Levar o sexo para o fim da noite.
.

4 de novembro de 2009

O corpo corpo vivo

.
Depois do coração bater
e encorpar cavidades
repetidamente
a língua subir e descer
a barriga
o peito
a boca chupar e cuspir
o ar
se faz pesado
úmido
fechado
quente
significante
cheirando ao cheiro cheiro que o
ventre conhece
os caldos e carnes quentes
que entraram
e pelo
reto saíram.

A mucosa
embebida
abrindo e
fechando
rola por ela
a existência do outro
do outro
dentro
fora
escorrendo
pelo
pelo
outro
misturado com
outro.

O
fica
o cheiro cheiro
pelo
pelo
corpo todo.



Depois do coração
bater
e encher a veias
do fluido sanguíneo
repetidamente
a língua estalar e
travar
a barriga a boca
chupar e cuspir o ar,
o ar se faz pesado
úmido
fechado
quente
cheirando ao cheiro cheiro que a barriga
apodrece
os caldos e as carnes quentes que entraram
e
pelo reto
saíram.

As mucosas
embebidas
abrindo e
abrindo
enchendo
rasgando
a existência dos outros
menores
maiores
que o outro
fora
dos outros
escorrendo
tomando o
corpo cheirado
cheiroso
pelas
cavidades e pelos
barriga boca língua.

O fica
o corpo
corpo
seco
frio
cheiro cheiro
quente.
.