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17 de junho de 2014

Me devolve

.
A visão: ela e o outro:
Espelho: a imagem da dupla ausência:
Ela e alguém.
E esse outro que não sou eu.
.

21 de maio de 2014

(sem título)

.
a boca fechada
......................:
........................a falta da outra, aberta, oco
........................a falta do eu, erro, estilhaço
........................apenas
........................abrir a boca
.

Saudade do futuro

.
hoje fim
em mim
aquilo já era há tanto

Do que restou
– a memória,
a pele curtida,
os músculos apertados,
a retina embaçada –
me alimento
para me doer
em imaginar.
Sonhar
um futuro nunca passado.

E chorar e soluçar e engasgar de promessas, declarações e desejos abortados
(quando? quando foi que não nos demos conta? quando foi que tudo desabou sobre nós e continuamos a nos
[arrastar, soterrados por nossas próprias solidões?)


E então não dormir jamais.
E ver o sol raiar frio
e colorido só para me negar.
Para, por fim, te negar.
E afirmar você. E afirmar eu.
E enterrar em mim a saudade de ti (que nunca virá).
.

28 de fevereiro de 2011

God drag the queen

.
Só a minha mulher menstrua.
A rua anda por baixo dos pés de homens e mulher feias.
algumas mulheres bonitas,
raros homens esbeltos, nunca desejáveis.

Minhas coxas correm veias de cobre
um veludo verde faza,
escorre doído, rasgante.
Não. amacia.
Meus pelos e espinhas prazenteariam. não
fosse

Não pode. Não deve.
Tem que
O Soneto me disse, o Soneto mandou.
Você, Poesia, honrará sua palavra – minha posseção.
Meu pé te mandará voltar
pra lá e pra mim.
Meus pés rápidos no teu corpo,
minhas falanges fechadas no teu plexo
te marcam como tua métrica escandiu minhas pernas, meu ombro direito.

Seja linda, seja bunduda, seja Vênus de quadris largos.
Seja berço, uma gaivota em relincho, me ame.

Mulher, a mim instrua.
Me negue, me mate.
porque desejo o Novo Novo Testamento.
e só sobre o ego sangrando sobre o classicismo
meu imperioso Belo desjaz.

E então pra Antiga Pérsia me vou.
Me sento em Persépolis e depois Pasárgada.
Pela estrada real o ciclo nasce novo e as mulheres já são lindas.

Pelo prado a luz sempre em crepúsculo.
Pelas águas o sol sempre em aurora.

As ninfas! eitas! farfalhejam os vestidos entre os trigais.

A lua de mim sobe e divide a pino o céu de sol-de-aurora e sol-de-crepúsculo.
A esfera brancazulada domina o centro alto.
Os círculos amarelos a diagonal de segundo plano.
O prado-trigo-mar horizonte de um terço.

O canto, um dístico.
Na festa de dEUses; ditirambos.
As amestruadoras vazam.
Bancantes:
a lua eclipsa dois sóis e o poeta grita agudo.

Feludo ferde vaza pelos minhas mãos.
Eu meu próprio Pilatos:
do plexo volta o punho-coágulo de útero.
eis o homem
.

4 de abril de 2010

Antidepressivo nº 1

.
Deixar o dia pra depois da aula.
Deixar o doce pra depois do arroz.
Deixar a sesta pra depois da louça.
Deixar o samba pra depois do labor.

Pausa para o pôr-do-sol.

Deixar a noite pra depois do dia.
Levar o sexo para o fim da noite.
.

31 de março de 2010

Ser deus

.
Eu queria escrever umas coisas como você.
.

30 de março de 2010

Minhas

.
Minhas antes paixões filhas de putas,
como as xingo!
Mulheres de quem respirei
como as leveduras se nutrem de glicose!
pelas quais fui furado,
vazando todo meu éter espesso pelo chão.

Gatunas de minha força e ação:
fletida minha pena a uma flacidez inútil.

Meses
e não escrevo pra sentir pra escrever
novo caminho.

Feitoras de minha melancolia:
fugidas com minhas mãos em seus corpos.


Minhas ante paixões, filhas da puta,
ainda pra sempre as sangrarei.
.

9 de novembro de 2009

Eu Sinto (sua) Falta Outro

.
Num quarto que não é meu,
roupas que não são minhas.
Quarto apertado,
roupas largas.

Eu
por ruas de gente,
olho nos olhos e não aguento,
ando direto e não aguento,
chego perto e não aguento.
Sinto sua falta.

Sinto falta de colo, corpo, cama, quarto, casa.

No espelho eu não aguento,
no sono eu não aguento,
no coçar-me eu não aguento.

Sinto falta de você, outro.
Sinto falta de você, eu.

E como? agora de ombros e braços flácidos,
joelhos esticados,
pescoço esticado e duro,
olhos no escuro?

Sinto a falta de você, eu.

Agora não busco,
não ando,
não vejo.

Há muito perdi a graça.
E por nada,
nem um pedaço de celulose,
nem um montinho de sílica,
quero.
Não quero!

Não quero graça,
não vejo graça,
não tento graça,
não faço graça.

Há muito perdi.
O que fiz?

Sinto.
Falta.

A casa morre,
o quarto morre,
a cama morre,
o corpo morre,
o colo fecha.

Não tenho graça.

Eu
Outro
Sinto
Falta
(sua)
.

2 de novembro de 2009

D.C.

.
Me
diz culpa.

Te amo.
Você todamor meu.
Você,
não.

Você ismos.
Eu no alto.

Digo, culpa.
Você todamor.

Eu teu nome.
Eu qualquer nome.
Eu sem nome.
Eu sem nomes na boca.

Eu no auto.
Eu reto.

Desculpa.
Eu me amo você.
Você,
não.

Des-culpa.
Você você.
Eu Eu.

um beijo



De culpa
fica um espaço entre eu
você.

Apertado espaço você entre eu.

Você choro.
Você-(sempre-nunca) choro.
Eu me choro você.

Agora.
eu!
?
.

15 de outubro de 2009

Lá e de volta outra vez

.
Dorme. Dorme. Dorme.
Cama. Costas. Barulho. Travesseiro.
Dorme. Dorme. Dorme. Dorme.
Pescoço. Dor.
Costas. Duro. Dorme.

Cadeira.
Sofá.
E assiste filme passando.
E assiste filme passando.
E assiste filme passando.

Dorme.
E acorda quando ninguém acordado.
E assiste vento passando.

Silêncio.
Barulho.
----------
Transa.
Moleza.

Dorme.

E as aftas marcam.

Contração. Cabeça. Crítica.

E o esperma não jorra.
O esperma chora sobre o azulejo.

Dorme.

Senta. Contorce.
Pescoço. Dobra. Torce.
Pende.
E acima assiste céu azul passando.
Vira ângulos quinas.



Depois de anos e voltas,
porres e orgasmos,
livros e pensamentos,

ainda chora seco.



E assiste mundo passando.
E assiste vida passando.
E assiste o final do
peito apertado
iminente e,
de novo
real.
oi
.