Mostrando postagens com marcador de quando fui outros eus. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador de quando fui outros eus. Mostrar todas as postagens

30 de novembro de 2014

(sem título)

.
Vem. Me recebe na volta da viagem.
Eu vou sair, vou atravessar.
Quem sabe, voltarei. Outro.

Vem. Fica. Outra te receberei.
.

21 de maio de 2014

(sem título)

.
a boca fechada
......................:
........................a falta da outra, aberta, oco
........................a falta do eu, erro, estilhaço
........................apenas
........................abrir a boca
.

1 de junho de 2010

Tirei tuas vírgulas de propósito

.
Fiz um poema pra você
Não achei demais
Minhas mãos se exigem
a escrever pros teus olhos
Não sou poeta
Escrevo pros teus olhos verem os meus

Nessas nossas
perdi um ônibus por você
perdi outros ônibus com você
E assim perdendo pra onde vou?

Perderia outros tantos
pra me achar perdido nesse ponto-você
pra te achar mais mais
pra me achares sem mapa
num nu de nós
esperando a resposta de um salmão e fondue de chocolate
.

14 de abril de 2010

Poema do amor concreto

.
Foi-se fazendo um amor tão grande
que se chegaria aos céus,
chegaria ao Deus,
chegaria aos infinitos.
Foi-se fazendo um amor,
um amor babilônico.

                 Os amorosos colocavam os grandes amores por baixo
                 para segurarem os pequenos amores que viriam depois.
                 Os amores de baixo eram grossos e robustos,
                 enormes,
                 eram a base;
                 Os pequenos, os detalhes, a beleza...
                 a parte que tocaria lá em cima.
                 
                 Esse era o projeto dos amorosos,
                 reunir os amores todos
                 para que se chegasse ao Amor.
                 
                 Sobrepuseram vários amores:
                 Loucos, platônicos, correspondidos
                 incorrespondidos, negros, briguentos, etc
                 Juntaram tudo numa imensa torre.
                 
                 Lá em cima, Deus esperava: olhou,
                 olhou de novo...
                 E por fim,
                 Decidiu mudar de céu.


7 de novembro de 2007
.

21 de setembro de 2009

A manhã das mãos pro futuro

.
Maintenant que la maison en pierre est conclue,
les ouvriers initient le mur.

Le mur est faite de barres de fer avec des bout-javelot en acier
capable d'arracher la vie qui tombe sur elles.
Une chef-d'oeuvre de plus haute classe
qui empêchera l'entrée d'imundus, affamés, vagabons et
vendeurs de rose rouges.
........Roses de toute couleur, spécialement les mouillées et parfumées (– Au nom du Père!).
........Rougex de toute espèce.

Barres et lances qui empêcheront la sortie.....................de coffres-fort pleins de félins,
................................................................................de statues de dîners et
................................................................................d'innocents, sèches et flasque.

Entre les barres et sur les bouts en acier
il ne passera rien à l'exception de
la Pluie et la Mort et ...................................................De-main.



Now the stone house is finished and
the workmen are beginning the fence.

The palings are made of iron bars with steel points-spears that
can stab the life out of any man who falls on them.
It is a masterpiece of the highest class,
and will shut off the rabble: dirty, starving, wandering men and
the red rose sellers.
........Roses of all coulors, especially the moistened and perfumed ones.
........Red of all kinds.

Bars and spears that will shut in...................................the safe chest full of felines,
................................................................................the statues of dinners and
................................................................................the innocents, dry and flacid.

Passing through the bars and over the steel points
will go nothing except
the Death and the Rain and..........................................To-morrow.



Agora que a casa de pedra está construída,
os peões começam a sebe.

São barras de ferro com pontas-lanças de aço
capazes de tirar a vida de quem se ouse sobre elas.
Uma obra-prima da mais alta classe,
que impedirá a entrada de imundus, famintos, vagabundos e
vendedores de rosas vermelhas.
........Rosas de toda cor, especialmente as molhadas e perfumadas (– Em nome do Pai!).
........Vermelhas de toda espécie.

Barras e lanças que impedirão a saída ..........................de cofres cheios de felinos,
................................................................................de estátuas de jantares e
................................................................................de inocentes, secos e flácidos.

Entre as barras e sobre as pontas de aço
nada passará exceto
a Chuva e a Morte e o.................................................A-manhã.

Após seis horas.
Baseado no poema "A Fence", de Carl Sandburg.
.

2 de junho de 2009

Engenharia do Pensamento

.
Qual o ideal que tenho?
Quais são as minhas restrições?
Quais as minhas ferramentas?
Quão próximo desse ideal eu consigo chegar?

A transformação da minha realidade, realmente.
.

18 de maio de 2009

Bilhar

.
Quatro bolas, duras, das de bilhar, na mesa:
Uma branca, maior, e três outras coloridas.
A branca bate, empurra, esbarra, resvala e joga as outras pra lá e pra cá.
De frente, de raspão, de tabela pro outro lado.
Às vezes bate e volta, às vezes bate e fica. Outras, bate e continua batendo.
Mas ninguém cai.
Dá um toquinho. Dá uma encostada. Dá um encontrão. Dá um porradão.
Peraí!
grita uma bola das coloridas, achas que só porque é branquinha podes ficar mandando nas direções, eu vou pra onde me der na telha. Tchau!
Aí o cara do taco se revolta, puta merda de bola, tá loca. Ora corre, ora foge, ora pára.
É a mesa que tá torta.
Torto tá seu pau (esse é o dono do bar), seu bêbedo, mesa de bar meu é boa, ardósia de primeira.
Vai vender cachaça que é o melhor que você faz, vai, seu Rivelino.

Nessa hora, o poeta, sentado lá no fundo se levanta, deixa duas notas, uma pra conta, outra pro garçom, sai de fininho, com o caderno, em branco, na mão esquerda ouvindo o barulho da confusão lá atrás.

29 de dezembro de 2008
.

21 de novembro de 2008

Texto

.
Agora é tempo de poesiar tudo:
todos, a qualquer instante, podem.
Você também!
Vamos, vamos poesiar tudo:
colocar no papel cada coisa da vida que acontece agora.

Vai, coloque o amor,
as bombas, o tempo,
a tristeza, o som, as brigas.
Por que não o computador,
o trabalho, o casamento,
o bife, as contas?

Há! é sim, tudo vale,
tudo serve,
serve sim, é suficiente.
É, fica legal.

Legal, né?
Que coisa, agora todo mundo é poeta.
Que lindo!

Vai, fale do trema,
do herói que virou heroi.
Escreva com rimas ricas e raras,
ou, pelo menos, com métrica.
Disserte em versos sobre os diversos usos do hífen em “con-fusão”,
cite os velhos clássicos de ídolos,
mas não me venha com essa de poesia.
Não me venha com esses livrinhos e blogs de artista.

Vai, alguma coisa nova, por favor.

Mas não basta reclamar do que já foi feito.
Tem-se que criar, ralar pra criar, sofrer
e tirar o leite da pedra.
Não porque é duro, porém porque é impossível.
Falar do óbvio, de modo intangível, com letras inexpressáveis.
Não porque não faz sentido, porém porque é vivo.
Sinalizar o sagrado e o profano no mesmo ponto.
Sem dicotomia, porém com caótica pontualidade.

Só então poderá dizer:
“Talvez isso seja alguma coisa.”
.

12 de julho de 2008

Agora entendo os suicídas

.
Agora entendo os suicídas,
que se penduram das pontes,
que ameaçam se jogarem dos prédios,
que apontam o revólver contra a própria têmpora
e chamam a atenção
dos pedestres de passagem pela rua, motoristas de ônibus, passageiros,
rádio e TV.

Agora entendo os suicídas,
não os que morreram,
os outros,
aqueles,
aqueles suicídas que nunca pensaram em se matar.

Entendo os suicídas da própria vida, que,
de repente,
resolvem se pendurar das alturas
e ameaçar o mundo a ficar sem eles,
na tentativa, falha, de que o mundo preste
mais atenção ao mundo
e não a si.

Agora entendo os suicídas
que tentam salvar a própria vida
de todos.
.