31 de maio de 2010

Livros abertos e corpo

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Deem-me poemas de amor,
porque ontem dormi ecos de Kandinsky,
amanheci Neruda
e cedo pelas horas sangrei drummundo:
o sentimento pesado sobre os ombros.

Chorei raiva no braço
e as pernas tremeram o ódio
de amar uma tristeza.

Embolei o corpo num lençol esticado:
deem-me amor de poemas.
E então poema-você-nova me disse
quinta, Ana.
Um mar ionizado e elétrico veio como Hermes me dizer
durma cor você também.

E um dia mais sonequei a tarde toda
pra dormir os poetas e acordar a minha

Matilde viva em ti
ouviu meu peito
de tímpano negro e burana
explodir um amarelo trombeta
ascender quente napolitana
e deitar com a noite chilena.
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